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Serra do Cipó |
Um santuário de biodiversidade, um paraíso ecológico, um jardim natural de extraordinária beleza. Esta é a Serra do Cipó, localizada na Serra do Espinhaço a 100 km de Belo Horizonte, que engloba partes dos municípios de Jaboticatubas, Itambé do Mato Dentro, Morro do Pilar e Santana do Riacho.
A Serra do Cipó é um convite à aventura a quem se interessa pelo ecoturismo sempre concedendo surpresas inigualáveis. O relevo acidentado descortina lugares que vão dos vales aos campos e culminam em picos com mais de 1600 metros, sendo toda a região entrecortada por inúmeros ribeirões e córregos, cujas águas cristalinas e carameladas formam diversas cachoeiras.
A região abarcada pela Serra do Cipó sempre foi observada com muito interesse e por estudiosos e naturalistas. A variedade de espécies reunidas nos campos rupestres e a maneira como elas crescem em solo pedregoso é o que mais intriga os estudiosos.
História:
A Serra do Espinhaço, que corta de norte a sul os estados da Bahia e de Minas Gerais, surgiu do encontro de placas tectônicas ocorrido há milhões de anos, é formada basicamente por quartzitos inclinados por força dos deslocamentos das placas. Os quartzitos se formaram por acumulação sedimentar em uma época em que toda a região estava submersa em uma faixa de mar da largura do Mar Vermelho. A Serra do Espinhaço nasce próximo a Ouro Preto (MG) e segue até a Chapada Diamantina na Bahia, sendo o divisor de águas entre as bacias dos rios São Francisco, Doce, Jequitinhonha e Mucuri. A erosão causou o aparecimento de vales profundos, saltos e cachoeiras.
Habitada pelos homens primitivos há mais de 12 mil anos, estes deixaram suas marcas em pinturas rupestres nas diversas grutas e paredões.
Períodos marcantes da História do Brasil tiveram como cenário os belos contornos da Serra do Cipó. O lugar serviu como via de acesso aos Bandeirantes que partiam de São Paulo em busca de ouro e pedras preciosas após o descobrimento do Brasil. Era através dos acidentados caminhos da Serra do Espinhaço que aqueles aventureiros buscavam acesso à Vila do Serro Frio (hoje município do Serro) até atingir o cobiçado Arraial do Tejuco, mais tarde batizado com o nome de Diamantina.
Inicialmente conhecida como Serra da Vacaria, teve no século XVIII seu nome mudado para Serra da Lapa. Com o estabelecimento da Fazenda Cipó pela família Moraes, aparece pela primeira vez o nome, inspirado nas curvas do rio. Com a mudança de proprietário em 1823, Major Antônio dos Santos Ferreira, a região conhece um período de riqueza e desenvolvimento.
As marcas deste período ainda hoje atraem turistas e estudiosos à Serra do Cipó. Há vestígios de uma antiga estrada de pedras construída pelos escravos, no local chamado Mãe D`Água, que dá origem a uma das mais belas cachoeiras da região, a Véu da Noiva. Por essa trilha subiam e desciam os tropeiros e suas mulas, transportando sonhos de riquezas.
No século XIX, foi a vez de outros viajantes se aventurarem pelas serras de Minas. Mas, dessa vez, as riquezas perseguidas eram as suas belezas naturais, a flora e a fauna exuberantes. Peter Wilhelm Lund, Eugene Warming, J. B. Spix, C. F. P. von Martius, Saint Hilaire e Álvaro da Silveira fizeram alguns relatos sobre a natureza e a importância científica dessa região.
Desde o início da década de 50, algumas reportagens já vinham apontando a região da Serra do Cipó como indicada ao turismo pelas belezas naturais. O movimento para a transformação dessa região em uma Unidade de Conservação foi encabeçado pelos próprios moradores. Em 1975, finalmente, eles viram concretizados seus anseios através da criação do Parque Estadual da Serra do Cipó, com uma área de 27.600 hectares. A partir de então, mais e mais pesquisadores passaram a se interessar pela área e, em outubro de 1981, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF instituiu uma comissão para estudar a viabilidade de transformar o Parque Estadual em Parque Nacional, devido a sua importância biológica. Em 25 de setembro de 1984, foi publicado no Diário Oficial da União a criação do Parque Nacional da Serra do Cipó.
As justificativas para a criação do PARNA da Serra do Cipó foram:
a) A proteção da fauna e da flora, devido ao alto grau de endemismo de suas espécies (há muitas espécies que só existem na Serra do Cipó);
b) A proteçaõ da bacia de captação do rio Cipó, importante pelas suas cachoeiras e águas límpidas (as nascentes do rio estão dentro do parque);
c) A preservação das belezas cênicas da região (o Parque é procurado pelas inúmeras cachoeiras, rios, canyons, vegetações exuberantes, paredões para a prática de escalada, cavernas e trilhas para caminhadas).
APA Morro da Pedreira
Essa unidade de conservação foi criada em 26 de janeiro de 1990 e abrange áreas dos municípios de Santana do Riacho, Jaboticatubas, Conceição do Mato Dentro, Itambé do Mato Dentro, Morro do Pilar, Taquaraçú de Minas, Itabira e Nova União, em Minas Gerais. Ela possui, ao todo, 66.000 hectares e se dispõe como um cinturão em torno do PARNA Serra do Cipó. Os objetivos principais da APA Morro da Pedreira são proteger o PARNA Serra do Cipó e parte do conjunto paisagístico da Cadeia do Espinhaço, proteger e preservar o Morro da Pedreira, sítios arqueológicos, a cobertura vegetal, a fauna silvestre e os mananciais de importância fundamental para o ecossistema da região. A APA foi implantada e vem sendo fiscalizada pelo IBAMA, junto com órgãos de meio ambiente estaduais e municipais.
Uma Área de Proteção Ambiental é uma unidade e conservação da natureza de uso direto, ou seja, onde há ocupação humana, com o objetivo principal de proteger valores ambientais significativos, assegurando o bem-estar das comunidades residentes, não havendo necessidade de desapropriações. Para tanto, existem normas de conduta a serem observadas para disciplinar o uso racional dos recursos naturais. Portanto, nem todas as atividades urbanas e rurais podem ser implementadas. Numa APA, atividades de lazer e turismo são incentivadas, principalmente aquelas ligadas à valorização dos atributos naturais do local. A comunidade residente deve sempre participar ativamente da implantação das unidades de conservação, pois elas são os maiores interessados.
Parque Nacional
Parque Nacional da Serra do Cipó - Situado no estado de Minas Gerais, nos municípios de Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar e Itambé do Mato Dentro, o parque tem área de 33.800 hectares e perímetro de 85 km. Foi criado em 25 de setembro de 1984, pelo Decreto Federal nº 90.223.
O clima na região é tropical, quente semi-úmido, com quatro a cinco meses secos por ano. A temperatura média anual vai de 20º a 22º C, com máxima atingindo 34º a 36º C e mínima variando de 0º a 4º C. O índice pluviométrico é de 1.500 a 1.750 mm anuais.
A serra do Cipó divide as águas das bacias dos rios São Francisco e Doce, formando paisagens de grande beleza, como a cachoeira da Farofa, com mais de 70 metros de queda livre, e o canyon das Bandeirinhas, por onde corre um ribeirão. Era chamada anteriormente de serra da Vacaria e foi o primeiro caminho natural dos Bandeirantes que se dirigiam ao nordeste de Minas Gerais, em busca de pedras preciosas.
Constitui-se um belo conjunto de montanhas, rios, cachoeiras e campos, de relevo acidentado e altitudes que variam entre 650 e 1.650 metros. A vegetação apresenta-se em três tipos: matas de galeria, campos cerrados e campos rupestres ou de altitude. Nos vales ao longo do curso dos rios predomina a mata de galeria, com grande quantidade de árvores frondosas. A região de cerrado pode ser identificada pelas árvores baixas e tortuosas e pelas espécies como o murici (Byrsonimia verbascifolia) e o pau-terra (Qualea grandiflora). Acima de 900 metros, os campos de altitude são em geral bem abertos e cortados por rios e riachos permanentes. A criação do parque tornou possível a proteção de uma espécie própria da serra do Cipó, a canela-de-ema (Vellozia piriseana), sobre a qual cresce um raro e exótico tipo de orquídea, a Constantia cipoensis.
Geografia
A história geológica da região é bastante antiga, datando do período Pré-Cambriano (há mais de 600 milhões de anos). Os quartzitos, rochas arenosas predominantes na Serra, forma formados por depósitos marinhos há cerca de 1,7 bilhões de anos.
Uma das características mais marcantes da paisagem da serra do Cipó são os "serrotes", formações rochosas que surgem do chão como que impulsionadas de dentro da terra.
O clima da Serra do Cipó é classificado como subtropical, com verões frescos e estação seca bem pronunciada. As temperaturas médias anuais oscilam entre 17° C e 18,5° C. Entretanto, as oscilações de temperatura ao longo do dia são enormes, com dias quentes e ensolarados e noites frias. O vento sopra durante todo o ano, ajudando a manter um clima bastante seco na região. As chuvas são concentradas entre outubro e março e a seca é mais pronunciada em agosto e setembro, quando costumam ocorrer grandes incêndios na vegetação.
A fisiografia desta área é caracterizada por sucessivas escarpas de inclinação comum, terras ortoclíneas, superfícies planas e vales ortoclínicos, em diferentes níveis de altitude. O seu relevo é o resultado de um esforço tectônico compressivo de leste para oeste que criaram estruturas NNO-SSE. O movimento tectônico combinado a outros eventos também tectônicos, foi o responsável por fraturas perpendiculares (E-O) ao longo das quais a drenagem de águas escavou canyons com escarpas íngremes.
Juntamente às suas características estruturais o mais importante aspecto de sua paisagem é a litologia quartzítica. As fraturas e a erosão determinaram a escultura das rochas em quase todas as situações. Por esta razão, além do fato de ser um platô, os solos desta área são raramente mais profundos que de 5 a 50 cm, apresentando detritos de quartzo com o pavimento de sedimentos clássicos e areia branca. Em áreas com pequenas depressões estruturais, tais como nascentes, podem ser encontrados solos hidromórficos, às vezes de matéria carbonizada. Estas áreas são quase imperceptíveis na paisagem devido a sua baixa concatividade e porque é quase sempre coberta de algum tipo de vegetação.
A Serra do Cipó é um divisor de águas das bacias dos rios São Francisco e Doce, com o rio Cipó correndo para o São Francisco. Diversos rios de relevância regional têm suas nascentes no Parque Nacional da Serra do Cipó. Suas águas nascem entre as montanhas rochosas, lançam-se em cachoeiras espetaculares, como a Cachoeira do capivara, e serpenteiam por entre canyons e planícies, num conjunto deslumbrante de verde, azul e muita luz. As águas que nascem dentro do PNSC são tão puras que podem ser utilizadas como padrão para o monitoramento da qualidade das águas da região.
Flora
A diversidade da flora é altíssima, com algumas áreas apresentando mais de 100 espécies por metro quadrado. Até 1988, a lista de espécies chegava a 1600 para uma área de aproximadamente 200 km2, colocando a Serra do Cipó entre as de maior diversidade no mundo. E muitas destas plantas são endêmicas
A vegetação da região é extremamente rica e diversa, com amostras de campos rupestres, campos de altitude, cerrados, matas de galeria, e mata seca sobre calcário. O PNSC abriga a mais extraordinária amostra de campos rupestres do Brasil, com alto grau de endemismo, ou seja, há muitas plantas que não existem em outro lugar no mundo senão nesses campos.
Adaptações da Flora
Apesar de não haver falta de chuva na região, o solo dos campos rupestres não acumula água por ser arenoso e muito raso, com a rocha mãe muito próxima da superfície. Dessa forma, como não se pode contar com a água sugada pelas raízes, as plantas de campos rupestres lançam mão de outras estratégias para obtenção de água. A disposição imbricada das folhas ao longo dos caules proporciona o acúmulo de água, tanto da chuva quanto de vapor. Essa disposição também reduz a insolação nas folhas, reduzindo, consequentemente, a perda de água por evaporação. Muitas plantas possuem a forma das bromélias, com a formação de um "copo" central que acumula água das chuvas e do orvalho. Outra estratégia é a produção de velames que são estruturas que funcionam como raízes, só que captam água da atmosfera em forma de vapor. As plantas de campo rupestre são especialistas em sobrevivência, num ambiente tão contrastante que pode chegar a temperaturas de até 50 ° C perto do solo e 0° C á noite.
Campos Rupestres
O PNSC abriga a mais extraordinária amostra de campos rupestres do Brasil, com mais de 1.500 espécies plantas descritas para essa região, muitas delas novas para a ciência.
O campo rupestre é a vegetação mais característica do Parque. As suas plantas apresentam variadas adaptações para sobreviverem às intempéries, como extremos de temperatura ao longo do dia (às vezes 0°C à noite e 50°C no solo ao meio dia, fogo constante, solos rochosos, rasos e ácidos, pobreza nutricional e pouca disponibilidade de água, além de altas taxas de radiação solar e ventos fortes.
Os campos rupestres dominam a paisagem acima de 1000m de altitude, com um estrato herbáceo contínuo, onde se destacam esparsos arbustos e subarbustos. Entretanto, esses arbustos apresentam interessantes convergências de formas: possuem folhas miúdas, rígidas e dispostas de maneira imbricada. Onde a drenagem é deficiente, o solo fica alagado, rico em matéria orgânica é ocupado por outras espécies de plantas, plenamente adaptadas ao ambiente brejoso.
No topo da Serra, a 1500m de altitude, o solo rochoso fica tão aparente que a cobertura herbácea se torna descontínua e composta por espécies rupículas (que crescem sobre a rocha).
Vale lembrar que os pequenos cursos d'água que descem da Serra abrigam uma flora aquática rica e única, adaptada a permanecer submersa boa parte da estação chuvosa.
Matas de Galeria
As matas de galeria são constituídas por vegetação frondosa, de 10 a 15m de altura, que cresce ao longo dos cursos d'água e abriga espécies de famílias comuns à Mata Atlântica e Cerrado. As matas de galeria são, geralmente, estreitas, porém de extrema importância para a manutenção e a proteção das nascentes e dos riachos, evitando a dessecação. Além disso a fauna dos campos rupestres e dos cerrados buscam nela água, abrigo e alimento, principalmente na estação seca.
Muitas vezes, na Serra do Cipó, as matas de galeria se alongam e vã se unir aos capões de mata.
Capões
Os capões de mata são manchas de vegetação arbórea localizadas acima dos 1300m de altitude do PNSC. Parecem estar associados a manchas de solo de blocos rochosos, propícios ao desenvolvimento de áreas de cultivo. Muitas espécies desses capões são as mesmas das matas de galeria, poré há algumas plantas restritas e essa vegetação.
Mata Seca
Outro tipo de vegetação encontrado são as matas secas, na parte baixa do Parque. Essa vegetação guarda algumas similaridades com a caatinga, já que muitas espécies de plantas caducifólias, ou seja, perdem as folhas durante a estação seca (folhas caem ou caducam). Geralmente, essa vegetação está associada a solos calcáreos.
Cerrado
Os cerrados são a vegetação mais comum do estado de Minas Gerais e, originalmente, cobriam 22% do território nacional. São constituídos por herbáceos e outro arbóreo-arbustivo e ocorrem sobre solos ácidos, com pouca matéria orgânica e altos teores de alumínio. Embora a aparência das plantas do cerrado pareça indicar um estresse hídrico, essas plantas não sofrem com a falta de água. A precipitação média anual fica em torno de 1500 mm de chuva, e essa água abastece os lençóis freáticos, que ocorrem a aproximadamente 15 m abaixo da superfície. Apesar de não haver falte de água, as chuvas se concentram no verão (estação chuvosa) de outubro a março. Por isso, na estação seca (abril a setembro), a vegetação herbácea vai se tornando cada vez mais seca e algumas espécies de árvores vão perdendo suas folhas, ou estas se tornam amareladas. No final da estação seca, são freqüentes os focos de incêndio que comprometem a vida das plantas, animais e dos moradores. N Parque do Cipó, os cerrados ocorrem na parte baixa, entre 700 e 800 m de altitude e, a partir dos 900 m já começam a se misturar à vegetações de campo rupestre. Algumas espécies típicas do cerrado são o pequizeiro, pau-terra, pau-santo, ipê amarelo, cagaiteira, etc. Os cerrados estão distribuídos desde a parte mais baixa da unidade (800 m) até aproximadamente 1100 m de altitude.
Fonte: www.geocities.com/serradocipo
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